Motivado pela queda do Gmail ontem resolvi escrever um pouco sobre computação em nuvem, que muita gente acredita ser a onda do futuro. Antes de continuar falando sobre o assunto, gostaria de pedir licença ao meu amigo Nerdson para reproduzir uma de suas tiras aqui:
Isso também me remete ao termo que rolou na rede ha algum tempo: “Stallman contra as nuvens”. Para quem nao sabe o que significa o termo computação em nuvem pode se aprofundar sobre o assunto no Google, mas a idéia básica é transferir os seus documentos, arquivos de vídeo, música, enfim, tudo para a rede. Nesse conceito, o Desktop seria apenas uma ponte de conexão à Internet, que é onde o trabalho realmente acontece.
A queda de um serviço tão pouplar como o Gmail ontem, além de ser tecnicamente muito interessante como vocês podem conferir aqui, é um exemplo dos riscos que corremos ao colocarmos nossa vida na Internet. Acredito que a maior parte das pessoas só se deu conta de como era dependente do Google ontem, quando ficou sem acesso aos seus serviços. Tenho certeza que aí está incluída a maior parte da comunidade de Software Livre, para quem o Google facilita muito a utilização de serviços “em nuvem”.
De fato, para os defensores da liberdade, fica o alerta de que a briga do próximo século é a da informação. De que adianta ter acesso aos códigos dos sistemas que o Google utiliza se o mais importante que são os nossos dados estão dentro de seus servidores? Alguém pode dizer: “sim, mas é possível fazer um backup de suas informações no computador”. Devo concordar e dizer que isso é verdade, ou seja, felizes somos nós que temos como fazer uma cópia das informações e continuar utilizando. Contudo, usuário doméstico não dá dinheiro para ninguém. O foco dos serviços oferecidos pelo Google são as empresas, e o que a empresa, que não tem sequer datacenter porque acreditou na computação em nuvem, pode fazer diante de uma situação como a de ontem?
Ainda existe o perigo de outros serviços de maior valor agregado, como os fornecidos pelo site salesforce.com, que tratam de toda a vida financeira das empresas. O que acontece se ela ficar sem ter como acessar o serviço? Não recebe, não paga impostos, não paga fornecedores, enfim, a empresa para.
Temos que agradecer ao fato de os problemas de ontem terem sido técnicos. Afinal, o Google é uma empresa “do bem”, tanto que seu principal slogan é: don’t be evil. Contudo, o que vai acontecer quando os seus fundadores morrerem, e ela se tornar tão dominante do Mercado que poderá tomar decisões econômicas sozinha? Não acredito que eles vão cobrar de nós, simples usuários, pelo acesso ao serviço, mas eles podem decidir vender nossos dados pessoais a outras empresas como forma de agregar valor ao negócio. Mesmo tendo acesso ao código-fonte, o que nós poderíamos fazer diante de tal atitude?
Como já disse no post que escrevi sobre o facebook, pessoalmente não estou tão preocupado com isso. Sou uma das poucas pessoas nesse mundo que deve manter quase todas as informações relevantes no computador pessoal, e o que vai para a Internet eu simplesmente não ligo. Mas sei que posso ser vítima da faltad e privacidade quando decidirem utilizar-se do conteúdo das minhas mensagens. Sim senhores, é o Grande Irmão que chegou, e por mais que não pareça, seu nome é Google.
Vai acabar rendendo um outro post sobre a utilização dos dados dos usuários.
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